Era início de noite numa quinta-feira e encontrava-me em Lower Manhattan encostado a um conjunto de portas de elevador sem qualquer identificação, que supostamente levavam a um dos lounges mais exclusivos de Nova Iorque. O meu guia — um velho amigo com talento especial para colecionar cartões de sócio — tinha-me convidado como observador silencioso. «Vais ver», disse ele. «É aqui que os ricos e poderosos controlam o mercado das informações privilegiadas». Tudo parecia remeter para o ambiente clandestino de um speakeasy, com a diferença de que, em vez de cabines telefónicas protegidas por senhas, atravessávamos cordões de veludo e suportávamos olhares desconfiados de funcionários uniformizados. Nestas áreas secretas, a simples entrada proporciona um vislumbre da forma como a elite global passa as suas horas, encontra diversão e orquestra os seus negócios longe da atenção pública.
Core Club, 66 East 55th Street (Nova Iorque)
Já tinha ouvido falar do Core Club muito antes daquela noite — um refúgio labiríntico por detrás de paredes discretas no centro de Manhattan. Desde 2005, esta instituição recebe discretamente magnatas corporativos, realeza dos fundos de investimento e ícones culturais que preferem debater grandes ideias acompanhadas de bons vinhos. Jennie Enterprise, fundadora do clube, descreveu-o como um «centro cultural e intelectual», embora qualquer idealismo rapidamente colida com a realidade palpável de uma quota anual de adesão de 50.000 dólares. Lá dentro, impressões de Warhol observam silenciosamente das paredes polidas, enquanto executivos analisam relatórios trimestrais com dedicação digna de estudiosos do Renascimento. Há um cinema interno para projeções privadas, um spa apelidado de «skinovative», e o silêncio necessário para assegurar aos membros que estão realmente num espaço para iniciados.
Dias depois, apanhei um voo para o outro lado do país — e a uma altitude ainda mais elevada.
The Yellowstone Club, Big Sky (Montana)
Diz-se que o Yellowstone Club em Montana é o oposto da agitação dos arranha-céus de Nova Iorque: 6.150 hectares de natureza intocada nas Montanhas Rochosas, um refúgio para quem prefere exclusividade envolta em pistas de esqui com neve fofa e hectares de campo de golfe. Só a entrada — propriedade mínima de 2 milhões de dólares, mais 400.000 dólares de custos de iniciação — assegura vizinhos como Tom Brady, Bill Gates ou Justin Timberlake. Enquanto o resto do mundo tenta avistar celebridades em resorts caros, os membros do Yellowstone desfrutam das suas próprias pistas privadas e jogam golfe num campo desenhado por Tom Weiskopf. Até a vida selvagem local parece respeitar os limites deste paraíso privado. Nesta bolha de silêncio aromatizada a pinheiros, conversas sobre aquisições tecnológicas misturam-se com discussões sobre os melhores esquis, sob um céu do Montana tão amplo que parece cinematográfico.
Capital Club, Dubai International Financial Centre (Emirados Árabes Unidos)
Nem sempre a exclusividade vem embrulhada em florestas de pinheiros. No Dubai, revela-se em corredores de mármore polido e vistas de arranha-céus que brilham como dinheiro à noite. O Capital Club, situado no coração financeiro da cidade, é um refúgio apenas para convidados, recheado de salas discretas para conversa, um bar no terraço de onde se vê metade da metrópole cintilante, e um restaurante gourmet especializado em wagyu e espetáculos gastronómicos. As manhãs começam frequentemente com seminários-brunch sobre mercados emergentes. À noite, pode-se encontrar uma prova privada de whisky com charutos cubanos e conversas sobre teoria dos jogos — um ambiente que diz claramente «negócios primeiro, diversão logo a seguir».
The Aberdeen Marina Club, 8 Shum Wan Rd (Hong Kong)
Nenhuma visita aos clubes da elite ficaria completa sem Hong Kong, onde o Oriente e o Ocidente se fundem num cosmopolitismo simultaneamente clássico e vanguardista. Próximo da costa sul da cidade encontra-se o Aberdeen Marina Club, fundado em 1984, um refúgio à beira-mar para clientes bem informados. Iates balançam suavemente nas suas docas privadas, enquanto os membros jogam badminton ou bowling. À noite, fatos elegantes aparecem para jantar no Marina Grill, onde conversas discretas sobre negócios milionários acompanham perfeitamente o filet mignon com molho de vinho tinto.
Thirty Nine, 39 Avenue Princesse Grace (Principado do Mónaco)
O Principado do Mónaco é sinónimo de riqueza, velocidade e um certo je ne sais quoi mediterrânico. O Thirty Nine traduz estas características com uma nota de bem-estar. Fundado pelo ex-jogador escocês de râguebi Ross Beattie, oferece ginásios de alta tecnologia próximos de um laboratório desportivo e um spa galardoado com produtos Biologique Recherche. A cozinha do chef David Knapp assegura que o paladar não fica esquecido.
Silencio Club, 142 Rue Montmartre (Paris)
Em Paris, mistério e fascínio misturam-se no Silencio, homenagem subterrânea ao universo cinematográfico de David Lynch. A adesão custa entre 600 e 1.680 euros por ano, um pequeno preço para tocar na elite artística parisiense.

O Trio de Londres: Mark’s Club, Annabel’s e Albert’s
Londres aperfeiçoou a linguagem da exclusividade com três clubes lendários: Mark’s Club com elegância clássica; Annabel’s em Berkeley Square, uma grande dama noturna; e Albert’s, recém-chegado a Chelsea, que mistura modernidade com luxo britânico.
O Mark’s Club, em Mayfair, remonta a uma era passada — mais precisamente a 1972 — quando salões reservados, pessoal discreto e uma decoração intemporal ainda imperavam. A única banda sonora que acompanha um scone bem amanteigado é frequentemente o suave folhear de páginas de jornal e o ocasional murmúrio sobre assuntos mundiais.
O Annabel’s, em Berkeley Square, é a grande dama noturna da cidade, e uma renovação recente catapultou-o para o século XXI sem sacrificar o seu charme histórico. Celebridades de topo de Hollywood e aristocratas animados dançam sob lustres que já testemunharam todo o tipo de aventuras da alta sociedade.
O Albert’s, recentemente estabelecido em Chelsea, é o membro mais jovem do trio, combinando um design contemporâneo divertido com o luxo assumidamente britânico. Ao entrar, prepare-se para uma experiência que dura o dia inteiro—desde um brunch na luminosa sala de jantar até à diversão após a meia-noite nos cantos mais acolhedores do clube.
1930 (Milão)
Em Milão, o 1930 esconde-se atrás da fachada de um café modesto, um espaço com inspiração Belle Époque onde cocktails artesanais são servidos com sofisticação teatral. Nascido da imaginação do barman Flavio Angiolillo, este espaço esconde-se atrás da fachada modesta de um café. Uma vez lá dentro, um silêncio abate-se sobre salas inspiradas na Belle Époque, iluminadas por velas e decoradas com espelhos que criam ilusões de corredores infinitos. Aqui, o acesso é concedido apenas a alguns privilegiados — conquiste-o e será convidado a afundar-se em cadeiras de veludo, enquanto notas ao vivo de piano envolvem o seu cocktail meticulosamente preparado. Surreal? Sim. Requintado? Absolutamente.
O Clube BYMS — Um Enigma Português
E depois há o rumor — transportado em sussurros através de círculos da moda e encontros de negócios discretos — sobre um ultra-exclusivo Clube BYMS, algures dentro das fronteiras de Portugal. Ao contrário dos outros, este espaço não revela a sua localização, não exibe a sua estrutura de adesão e nem sequer confirma ou nega a sua existência. O que sabemos: a BYMS (uma marca lifestyle com uma curiosa devoção ao detalhe artesanal e à herança portuguesa) está no seu comando, e aqueles que são "convidados" desaparecem por trás de portas sem identificação para experienciar um certo silêncio — moldado pelo murmúrio de tradições com séculos e, muito possivelmente, pelo rodopiar de um porto vintage. Num mundo que rotineiramente confunde publicidade com prestígio, a BYMS tomou a ousada decisão de adotar o segredo total. A cidade exata? Um mistério. O custo da adesão? Diz-se que é formidável. Contudo, para aqueles que estão por dentro, é a prova máxima de que, por vezes, o apelo mais poderoso é um segredo bem guardado.
O Segredo da Exclusividade
É fácil descartar estes clubes privados como refúgios para os ricos ociosos. Contudo, se escutar uma conversa (caso se atreva), descobrirá tantas negociações sérias ou iniciativas filantrópicas quanto conversas sobre champanhes vintage. A força unificadora é, de facto, a exclusividade, mas também o anseio por um espaço onde a linguagem da civilidade do velho mundo — chame-lhe tradição ou aparência de requinte — ainda prospera. Seja num retiro montanhoso em Montana ou num refúgio português oculto presidido pelo enigmático BYMS, a história permanece a mesma: uma vez ultrapassada a corda de veludo, o seu anonimato e conforto são protegidos com o mesmo vigor que protege um tesouro nacional.
Naquela noite em Manhattan, ao voltar às ruas após a minha visita ao Core Club, quase esperei que paparazzi surgissem detrás de um contentor de lixo. Em vez disso, encontrei apenas o brilho dos neons da cidade. O porteiro fez um aceno breve e não pude deixar de admirar aquele pequeno mundo secreto, situado algures acima da agitação — onde a exclusividade não é um simples luxo, mas sim uma forma de arte aperfeiçoada.
Para aqueles que permanecem fascinados, recordem: bater a estas portas é vislumbrar um reino à parte, repleto de indulgências sumptuosas e das alegrias inefáveis de um segredo cuidadosamente cultivado. Apenas esteja preparado para sacrificar mais do que uma razoável quantia de dinheiro — e aceitar que nem todos os sussurros merecem iluminação pública.